segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Adeus Lênin



Como já é praxe nas atividades cineclubistas das escolas, antes das exibições abertas principais os cineclubistas costumam se preparar para a discussão e a abordagem do filme a ser trabalhado. Assim sendo, conforme a planejado em reuniões anteriores, o cineclube “Paratodos” exibiria e discutiria internamente o filme “Adeus Lênin”.

O filme escolhido pelo cineclube para essa exibição foi, na minha avaliação, muito interessante. “Adeus Lênin” é um filme-drama não muito conhecido do público geral brasileiro que conta uma passagem da história mundial de uma maneira bastante original: o jovem Alexander é contra o regime ditatorial vigente não então Alemanha oriental. No entanto, ele tem uma mãe devota ao socialismo do seu país, e isso provoca uma espécie de conflito inicial entre os dois. Certo dia, ao vê-lo participar de um protesto contra o regime que ela tanto defendia, a mãe de Alex tem um ataque cardíaco fulminante - o que a deixa muitos anos em estado quase vegetativo. Porém, contrariando as expectativas médicas, ela acorda.  E, ao acordar, após a queda do muro de Berlim, o médico aconselha a Alexander que ela evite emoções fortes. Neste momento, Alex cria um mundo de “faz-de-conta” para resguardar a saúde da mãe: ele faz de tudo para que sua mãe, antiga socialista, continue vivendo na antiga Alemanha oriental. Ele muda embalagens de produtos industrializados e até mesmo inventa telejornais socialistas para convencer a mãe de que ela ainda vive num país sem a interferência do capitalismo.
Ao tocar num tema histórico e político de maneira humanizada, o filme “Adeus Lênin” funciona muito bem para todas as platéias.

Em outras palavras, “Adeus Lênin” é um filme que versa sobre o humanismo. Muito bem construído tecnicamente e com atuações bem marcantes, ele é mais do que um retrato histórico. Ele nos transporta para o lado cotidiano e romântico de um socialismo fechado, duro. Como bem disse a crítica escrita por Gisela G. S. Castro (quem quiser ler a crítica na íntegra é só clicar aqui), doutora em Comunicação pela UFRJ: ” em que pese a dignidade, Adeus, Lênin!, acusado de ingênuo e erroneamente apresentado como uma comédia ligeira, mostra um tratamento dignificante e profundo ao difícil tema da reunificação alemã. Delicado, sem abrir concessões à banalização do riso fácil (como no caso de outro premiado com o Oscar de filme estrangeiro, o pastelão A Vida é Bela , de Roberto Benigni), o filme de Wolfgang Becker utiliza uma trama aparentemente simples para tratar das complexas passagens da história alemã recente, com a vitória do modelo capitalista sobre o socialismo soviético”.

A frieza da história que permeia o famoso muro de Berlin é, então, atenuada pela humanidade da história principal da obra. A história desse filho amoroso que tenta desesperadamente proteger a mãe nos invade de tal maneira na obra que até esquecemos da letra fria dos livros de história e nos lembramos que no centro de todos os movimentos da história existem seres humanos.

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